Clubes franceses e ingleses entram em colisão com o IRB e discutem mudanças nas competição. Confira as novas propostas para a Heineken Cup e para o Top 14.
Ingleses propõem novo formato para a Heineken Cup
Os clubes ingleses estão, novamente, em rota de colisão com a ERC, entidade que organiza a Heineken Cup. A dois anos do fim do contrato de TV que exige a manutenção da atual fórmula de disputa das competições europeias, os ingleses querem mudanças na composição dos torneios da ERC. Os clubes da Premiership se sentem prejudicados pela entidade, que garante mais vagas aos times do Pro12.
Os ingleses propõem uma revisão na distribuição das vagas na Heineken Cup, bem como a redução do número de equipes participantes, de 24 para 20. A proposta ganhou também a adesão dos clubes franceses, que se encontram em situação igual. Segundo a fórmula inglesa, seriam 6 times de cada uma das ligas - Aviva Premiership, RaboDirect Pro12 e Top 14 Orange -, além dos campeões da Heineken Cup e da Amlin Challenge Cup.
Os 18 times restantes disputariam a Amlin Challenge Cup, que ainda contaria com 2 equipes classificadas por meio de uma terceira competição europeia, envolvendo equipes dos países do segundo escalão europeu, como Rússia, Romênia, Espanha, Portugal e Geórgia - outra novidade da proposta anglo-francesa.
Os times de Irlanda, País de Gales, Escócia e Itália se opõem à proposta, já que defendem que a divisão de vagas seja feita por países, e não por ligas.
Top 16 e equipes provinciais à vista na França?
Entra ano, sai ano, e a discussão sobre a expansão do Campeonato Francês para 16 equipes ganha espaço. De 2001 a 2005, a competição foi conhecida como Top 16, mas teve seu número de clubes reduzido para os atuais 14, priorizando a presença de clubes de capital elevado e alto poder de investimento.
Simon Gillham, vice-president do Brive, tradicional clube recém-rebaixado à Pro D2, declarou que para se manter no Top 14 sem se tornar um clube "io-io" (que é rebaixado com frequência) é necessário ter hoje um orçamento de €15 milhões (o Brive foi rebaixado tendo orçamento de €13,7 milhões). De acordo com o L'Équipe, com a exceção do Bordeaux, que terminou o campeonato em 8º lugar tendo pouco mais da metade dessa verba, a tendência apontada por Gillham se confirma. O Mont-de-Marsan, que garantiu promoção para a próxima temporada do Top 14 Orange, conta hoje com orçamento de somente €4 milhões, e deverá sofrer para se manter na elite. Boa parte dos clubes que disputam a Pro D2 (a 2ª divisão profissional) se encontram em situação semelhante, e as saídas para a maioria deles são escassas. O Mont de Marsan é um caso emblemático, por ser o clube de uma cidade de somente 30,000 habitantes, realidade comum a muitos dos clubes profissionais da França, uma vez que as pequenas cidades do sul da França têm longa e forte tradição no rugby.
A ampliação do Top 14 para Top 16 poderia ajudar algumas equipes a se manterem na elite e a reforçarem seu caixa, aumentando o número de rodadas, mas também gerou muito descontentamento. René Bouscatel, presidente do Toulouse, se posicionou contrário à expansão do torneio. Com mais rodadas, seria necessário que mais jogos fossem disputados em datas de jogos da Seleção Francesa. O que significa que os clubes que cedem mais jogadores aos selecionados nacionais seriam prejudicados, disputando mais partidas sem seus principais jogadores. Bouscatel deixou claro que, se isso ocorrer, quer que seu clube seja indenizado financeiramente.
Outra proposta que vem sendo apresentada para remodelar o rugby profissional francês é a criação de equipes regionais, seguindo o exemplo de Irlanda, País de Gales, Escócia e Itália, cujas equipes que disputam o Pro12 (à exceção do Benetton Treviso) não são clubes, mas entidades profissionais que representam clubes de regiões de seus países. No mata-mata final da Pro D2, o Mont de Marsan enfrentou seu arquirrival e vizinho Dax, cuja cidade possui 20 habitantes. O fato fez muitos questionarem se não seria melhor a formação de uma equipe regional que unisse os dois times (do Landes, departamento onde se localizam Dax e Mont de Marsan, que possui mais de 360,000 habitantes), deixando as rivalidades (identidades e histórias) de lado em prol de uma situação financeira mais confortável. As propostas dividem os rugbiers franceses, mas a discussão está cada vez mais quente.
É guerra? IRB versus clubes europeus!
E Bouscatel entrou em outra polêmica ao longo da semana. O presidente do Toulouse declarou que a decisão do IRB de iniciar a Copa do Mundo de Rugby de 2015 no dia 18 de setembro é "uma declaração de guerra aos clubes", mais precisamente aos europeus.
Os clubes franceses e ingleses haviam solicitado ao IRB que marcasse o início do certame para o dia 4 de setembro, para que seus campeonatos nacionais, que se iniciam tradicionalmente no começo de setembro, não ficassem tantas rodadas sem seus principais atletas. O início do torneio somente no dia 18 acatará ao menos 3 semanas a mais sem que os clubes possam contar com seus principais atletas.
A data foi escolhida pelo IRB para acomodar os interesses dos países do Hemisfério Sul, que solicitaram que o início da Copa do Mundo se desse no dia 25 de setembro, para que as seleções que disputam o Rugby Championship tenham mais tempo para se recuperarem e se prepararem para o Mundial.
Bouscatel ainda levantou a necessidade urgente de se harmonizar os calendários do Hemisfério Norte e do Hemisfério Sul, para evitar conflitos desses tipo.
Fonte: Telegraph,L'Équipe e Rugbyrama,
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